segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lápis de Cor.


Já comentei dos meus três netos, Vitor (9), Nathalia (8) e Henrique (5). Com eles brinco, invento histórias assustadoras que não assustam ninguém, conto algumas lorotas e faço minhas observações sobre a natureza das crianças, diferenças de comportamento e outras bobagens para ocupar meu tempo. Mas conviver com ele é uma delícia mesmo.

Hoje queria comentar as diferenças que vejo entre meninos e meninas, no caso Vitor e Naná, quanto à posse e aos cuidados com material escolar. Parecem seres de planetas diferentes, tal a disparidade com estes cuidados.

Nathalia fica conosco todas as quintas-feiras à tarde, período em que não tem aula. Almoça, vê TV, e chega o momento da lição de casa, tarefa em que me cabe acompanha-la. Ela, muito organizada, coloca sobre a mesa os livros e cadernos necessários às tarefas do dia e, “voilà”, seu super estojo. Sim, por que o estojo da Naná é digno de registro. Sua mãe é fissurada em papelarias e material escolar desde pequena. Não consegue resistir a uma novidade, um jogo de canetinhas fosforescentes, uma borracha infalível, um apontador eletrodinâmico, se é que existe isso. E a filha, é claro, está me saindo à mãe. O tal estojo tem várias divisões, cada uma com um grupo de coisas absolutamente necessárias ao bom exercício da missão “Lição de Casa”. São grupos de lápis de cor (acho que o plural deveria ser lapizes de cores, seria mais legal), canetinhas, borrachas, apontadores, lápis para escrever (os antigos n° 2) e por ai vai.

E Naná usa todo este material com uma organização irritante. A cada coisa que escreve ou pinta, ela pega o lápis no estojo, usa e guarda no local correto, mesmo que vá usa-lo novamente em seguida. Faz sua lição com um capricho danado, obedecendo às orientações, nem sempre muito compreensíveis, de suas professoras. Exemplifico: Por que diabos uma criança tem que escrever a primeira letra de cada frase com lápis de cor e as outras letras com lápis comum? Decerto para me enlouquecer, já que minha lindinha escolhe a cor, pega o lápis, escreve a primeira letra, guarda o lápis colorido, pega o n° 2 e continua a frase, num processo que parece não ter fim. Como ela tem muitos lápis de cor, com características diferentes, as escolhas são sempre um processo difícil para a pobrezinha. Mas a lição sempre sai, caprichada e bem feita.

Com meu neto Vitor não tenho esta atividade com muita frequência, já que ele fica na escola em horário integral todos os dias e faz a lição de casa lá mesmo, mas algumas vezes, por razões diversas, me coube acompanha-lo nesta atividade.

E ai é que vem a diferença. Vitor tem um pequeno estojo onde nem sempre encontra um cotoco de lápis n° 2 com a ponta rombuda, e um único (é isso mesmo, só um) lápis de cor, aquele que ele não perdeu (ainda). Borrachas não há, já que as várias que sua mãe lhe comprou ou as muitas que a avó lhe deu sumiram. “Acho que meu amigo pegou e não me devolveu, Vô”, comenta sem a mínima preocupação com o assunto. Puxa as folhas da lição de casa da mochila, devidamente amassadas, e faz a tarefa em tempo recorde, já que quer fazer coisas mais interessantes. Não me entendam mal, Vitor é excelente aluno, menino brilhante e esperto, mas considera a missão “Lição de Casa” indigna de um super-herói ocupado como ele.

Henrique, ainda pequeno, é muito caprichoso em suas pinturas e tem muita vontade de aprender coisas que o irmão sabe e ele ainda não. Tem muita curiosidade e gosta de fazer contas e escrever, mas ainda não definiu como será seu comportamento quando for, digamos, mais maduro, como seu irmão e sua prima.

Acho que esta é uma diferença entre meninos e meninas, elas são mais princesinhas, eles são mais ogros.