segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vocações (A Natureza do Escorpião)

Cenário: - Esconderijo da Máfia, casa afastada, com uma grande ante-sala e diversos aposentos fechados.

Personagens: - Guarda-costas e meliantes diversos, todos mal-encarados, na ante-sala e chefões em reunião sinistra em um dos aposentos fechados.

Prólogo: - Enquanto os chefões planejam mais algum golpe contra o erário, alguns capangas jogam cartas e os outros limpam as armas ou cochilam com um olho aberto.

Ação: - Começa uma infernal gritaria na ante-sala, ruídos de garrafas sendo quebradas, impropérios, ameaças. Um dos chefões sai da sala de reuniões e grita:

O que está acontecendo? Qual o motivo desta balburdia?

Os capangas começam a falar, todos ao mesmo tempo, tornando impossível entender alguma coisa. O chefão, cada vez mais possesso, grita mais uma vez:

Calem a boca! Paulie o que esta havendo, afinal?

O interrogado, trêmulo, responde ao poderoso:

- Chefe estávamos jogando pôquer e percebemos que o Frank estava roubando. Roubando, chefe! Resolvemos dar-lhe um corretivo.

O chefe, com ar de impaciência, vocifera novamente:

Porra! Aonde vocês acham que estão? Isto aqui é um esconderijo da Máfia! Nós somos todos ladrões, assaltantes, assassinos e contraventores, para dizer o mínimo. É obvio que o jogo aqui só pode ser roubado, é da nossa natureza. Parem com estes fricotes e joguem em silêncio, sua bestas!

Moral da história: - O Escorpião não consegue fugir de sua natureza.

 
Esta cinematográfica introdução visa definir a impropriedade de nossa atual indignação com os últimos acontecimentos na área política. Não são só os padres que seguem o chamado de suas vocações. Acredito que, mesmo sem perceber, as pessoas são atraídas para profissões compatíveis com seu caráter, sua natureza. No caso dos políticos, aqueles que se prestam a esta atividade já trazem, no seu íntimo, a tendência ao logro, ao engodo, à dissimulação, enfim todas as nobres características necessárias ao bom desempenho de suas funções.

Não devemos esperar atitudes diferentes das que estamos observando. As mentiras, as falcatruas, os desfalques, o enriquecimento com dinheiro roubado, tudo isso faz parte da profissão. Mesmo que haja algumas pessoas honestas neste meio, elas é que estão deslocadas, deveriam estar em outra atividade, erraram de profissão. Foram elas que não atenderam ao chamado de suas vocações.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Politicamente Correto é o cacete!

Estou ficando cansado com o número de entidades, organizações, movimentos, estas bostas, que estão tentando educar a todos nós de acordo com seus (deles) preceitos.

Não podemos mais viver em paz com nossos preconceitos, muitas vezes cultivados carinhosamente durante anos. Chamar alguém de $%& ou de #$@, já não pode. Certamente haverá alguém que ficará incomodado e que reclamará, fará denúncia, abrirá processo, por ai. Sim, por que parece que esta gente não tem nada melhor para fazer do que ficar patrulhando o que os outros dizem ou escrevem. Só não sei quem foi que deu a este elergúmenos (elegantes energúmenos) o poder de decidir o que devemos pensar ou fazer.

O ser humano é um animal complexo, mas é um animal. É fruto de sua genética, do treinamento recebido (às vezes chamado de educação) e de seu meio-ambiente. Claro que pode adquirir conceitos mais nobres (?!), mais corretos (?!), mais atualizados e mais adequados ao convívio social, mas isto tem que ser fruto da compreensão e entendimento e não de um puta enchimento de saco.

Começa na culinária. Quem gosta de bife com batatas fritas e ovo frito está fodido. Vegetarianos te odiarão por comer aquele boizinho tão simpático, patrulheiros cardiológicos ficarão horrorizados pela quantidade de gordura proibida que você ingere. E o colesterol então, minha Nossa Senhora! Agora as regras do bom tom alimentar incluem delícias como sementes de papaia, quinua (que merda é essa?), alpiste, aveia, grama e outras coisas verdes. Não vale comer o papagaio. Temos que comer muitas fibras e tomar muita água para não entupir.   

Você fuma?! Vai direto para o Inferno, como já dizia meu neto Murillo, do alto de sua sabedoria de quatro anos. Você bebe?! Está condenado à cirrose hepática, na melhor das hipóteses.

Religião? Deus me livre! Qualquer uma que você adotar implicará em sua condenação ao quinto dos infernos por todas as outras. Política é outra armadilha. Se não for do partido de seu interlocutor você é burguês, retrógrado, comunista, reacionário, sempre haverá alguma palavra para usar como xingamento, mesmo que não seja.

Qualquer que seja o assunto, sempre haverá um feladaputa que saberá como você deve se comportar, pensar ou agir. É incrível a quantidade de sabidinhos (as) que a gente vê por ai.

Por favor, marchem, contramarchem, homoafetivem-se, vegetarianem, mas não encham o puto do meu saco, parafraseando meu falecido sogro, homem de grande sabedoria e opiniões claras que, se vivo fosse, estaria espumando de raiva com esta merda toda. Três palavras: VSFD.

Reforma Constitucional.

Acho que foi Capistrano de Abreu, cuja obra tenho a honra de desconhecer completamente, que sugeriu que a Constituição Brasileira tivesse um único artigo. Era mais ou menos assim:

Constituição do Brasil:

Artigo único: Todo brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara. Revogam-se as disposições em contrario.

Claro que sua (dele) sugestão nunca entrou em vigor, como podemos observar com tristeza em nosso cotidiano. Talvez a dificuldade seja a subjetividade do conceito “vergonha na cara”. Assim, visando contribuir com as intenções do renomado escriba, tomo a liberdade de sugerir nova proposta de Constituição Federal de artigo único, de imediata compreensão por todas as pessoas e facilmente aplicável pelo judicioso judiciário brasileiro, apesar de achar que os meritíssimos seriam os primeiros a sofrer as consequências desta nova era de simplicidade e clareza.

Aqui vai: 

Constituição do Brasil


Artigo Único: Todo cidadão brasileiro tem o direito de fazer o que quiser desde que não provoque qualquer dano, de nenhuma espécie, a outra pessoa. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas as disposições em contrario. 

Como regulamentação sugiro, ainda, que as penas a serem aplicadas aos infratores sejam assim definidas:

 - Primeira Infração – Dez anos de cadeia, dez chibatadas por dia.
 - Segunda Infração – Trinta anos de cadeia, trinta chibatadas por dia.
 - Terceira Infração – Pena de Morte, dispensadas a chibatadas.

Em nenhuma delas haveria liberdade condicional, progressão de pena ou outra moleza atualmente prevista em nossa espantosa legislação. Pensando bem, a ordem das penas pode ser invertida proporcionando grande economia ao Estado já que, plagiando o filósofo esportivo Cláudio Carsugghi – É mais seguro (e mais barato) um cemitério de segurança mínima do que uma prisão de segurança máxima.


Exemplifico:

- Quatro horas da manhã, o alarme de um carro começa a tocar, com uma estridente sirene e uma gravação “Este veículo está sendo roubado e é monitorado por satélite pela empresa tal. Favor ligar para 0800.000.000”. Se fosse monitorado por satélite eles deveriam saber, exatamente, onde está aquela bosta e não precisariam de telefonema algum, aliás, não precisariam encher o saco de todo mundo durante varias horas com repetições enlouquecedoras da sinistra mensagem. As medidas repressivas seriam aplicadas ao dono do carro e aos diretores da empresa de monitoramento que acham que podem aborrecer a cidade inteira para resolver seus problemas, já que o único que agiu de acordo com os preceitos de sua atividade foi o ladrão, que roubou o veiculo e depois o abandonou em lugar incerto e não sabido.

- Você entra numa fila (no banco, no supermercado, no cinema, sei lá) e um energúmeno começa imediatamente a reclamar do péssimo atendimento daquela empresa, que deveriam colocar mais atendentes, mais caixas, que é por isso que o Brasil não vai para frente (não é, mas não adianta discutir). A pena seria proporcional ao número de sacos que encheu com suas arengas reclamativas.

- Você liga para o serviço de atendimento a clientes (deveria dizer vitimas?) de uma prestadora de serviços qualquer (Telefônica, TV a cabo, Plano de Saúde, e vai por ai) e fica horas esperando para ser atendido enquanto ouve uma terrível musiqueta. Quando alguém se digna a falar com você, começa uma interminável serie de transferências para um tal “setor responsável”, sempre intercaladas por verdadeiras sinfonias. Claro que seu problema não será resolvido, já que o setor pode ser responsável mas não é competente. As penalidades seriam aplicadas a toda a hierarquia da empresa, começando pela mocinha que inventou o gerúndio até o presidente da organização.

Para o julgamento dos acusados de crimes hediondos, dos raríssimos políticos ladrões, bem como de pastores evangélicos de todas as gradações e matizes e de publicitários responsáveis por comerciais chatos será construído o Fórum Especial de Vila Alpina, anexo ao já existente Crematório. Com esta medida haverá grande economia com gastos de transporte dos condenados, que poderão ir andando até a utilíssima instalação vizinha para aplicação imediata da sentença.