sexta-feira, 14 de junho de 2013

Movimentos Sociais – uma opinião.

Seguramente não sou o mais velho dos que transitam por estas tais redes sociais, mas com certeza não sou dos mais novos. Segundo os cálculos do Dr. Dráuzio Varella, o Vampiro de Hipócrates, tomando por base os maus hábitos que tive, tenho, ou terei, devo estar perto dos 138 anos já que cada desvio da estrada da saúde nos custa alguns anos de vida. Pedirei minha inscrição no Guiness Book, quem sabe cola.

Mas o que me traz aqui hoje é outro assunto, sobre o qual gostaria de tentar contribuir um pouco, jogando sombras nestas luzes todas que nos alumiam.
São as tais “Manifestações Sociais” que demoraram, mas chegaram a São Paulo, através de uma pretensa reclamação sobre o aumento dos preços das passagens de ônibus e metrô, de R$ 3,00 para R$ 3,20. É pouco, é muito, não é este o ó do borogodó. Fazer contas é fácil, qualquer um faz, e está claro que estes reajustes estão abaixo da inflação do período decorrido desde o ultimo aumento. Não foi praticado antes, o tal aumento, por pedido expresso da Dama do Planalto, visando evitar que isto interferisse nos índices de inflação e, assim, prejudicasse os candidatos de seu partido (do dela) nas eleições para as prefeituras. Não sei se funcionou geral, mas São Paulo elegeu um prefeito da escolha dela, o que nem é importante para o que gostaria de comentar.

Tenho percebido muita confusão neste assunto das manifestações que vem ocorrendo, gente a favor, gente contra, gente mudando de opinião, gente que nem sabe o que está ocorrendo, enfim tudo normal. Mas percebo, principalmente nos mais jovens, o aparecimento de algumas justificativas que me incomodam e que gostaria de comentar.

Aos Manifestantes, Simpatizantes e Afins:

1 – “O incômodo causado pelas manifestações é um pequeno preço a pagar pelo direito de reclamar e chamar a atenção para os graves problemas que assolam o país. Insegurança, trânsito, transporte coletivo de má qualidade, falta de perspectivas, falta de moradia, o cacete a quatro”.

Pequeno pra quem, caro manifestante? Para quem levantou as cinco da matina, pegou três conduções para ir ao trabalho, chacoalhou duas horas dentro de bumbas lotados, já chegou morto ao trabalho? Para quem está saindo correndo do trabalho para chegar à faculdade, paga, é claro, já que a USP é reservada aos que vieram de berço esplendido e fizeram bons colégios, para tentar melhorar sua vida? Para quem está com pressa de levar alguém ao médico, na região da Av. Paulista, que concentra os maiores e melhores hospitais da cidade? Estamos, até que a coisa mude, numa democracia representativa, nós elegemos nossos representantes. Vá encher o saco de seu vereador, seu deputado, seu senador, os caras que você escolheu para te representar. Não lembra quem foram? O cara é ladrão? Escolha melhor da próxima.

2 – “A PM reprimiu com violência a manifestação legítima do povo em defesa de seu sagrado direito de se manifestar”.

Que povo mano? Compareceram cinco mil, dez mil, vá lá, vinte mil? Quantos não foram? Te ajudo com as contas: Considerando que quatro ou cinco milhões de pessoas circulam por São Paulo na hora do rush, deixo por quatro, então três milhões, novecentos e oitenta mil pessoas não compareceram. Estavam ocupadas tocando suas vidas, da forma que conseguem. No primeiro dia a PM só observou e vocês quebraram estações de metrô, pontos de ônibus, fachadas de bancos e lojas, carros particulares, entre outras coisas. Quem ganhou o quê? A cidade (nós, o povo) vai gastar para reconstruir e reparar os danos. A PM foi provocada, até espancada, para que vocês conseguissem imagens da chamada repressão, para divulgação e propaganda da glória do movimento.
No segundo ou terceiro dia, o Batalhão de Choque da PM desceu o sarrafo, para impedir o acesso à Av. Paulista e maiores danos à cidade. Não podia? Quem defende os direitos dos milhões que não concordam com vossas opiniões e anseios?

3 – “Pessoas inocentes foram presas e feridas, inclusive vários jornalistas”.

Cada profissão traz embutido seu grau de risco. Pedreiros e trapezistas despencam e morrem, domadores são comidos pelos seus animais de estimação e alguns correspondentes de guerra morrem nas respectivas. Fala sério, acharam que sairia de graça? Não tive a honra de ser jornalista, mas recebi a graça de ter um filho que é. Eu ficaria desesperado se ele sofresse algum dano na cobertura de algum assunto em que estivesse envolvido, mas este é o seu trabalho não é? Algumas pessoas, os chamados transeuntes, também foram feridas nas manifestações. Culpa de quem? Da PM? Dos manifestantes? De ambos? Voto no “Ambos”.

4 – “O movimento não pode ser responsabilizado pela existência de cinco ou dez por cento de vândalos na multidão. As multidões são incontroláveis”.  

Não me diga! E vocês não sabiam disto? Então na outra multidão, aquela da PM, deve haver o mesmo índice de tresloucados, pois não? Ou a PM só serve para prender assaltante de banco, de restaurante, de sinal de trânsito? É função da polícia, sim, preservar a segurança dos demais cidadãos, dos bens públicos e não permitir que a cidade pare pela vontade de alguns poucos. Se não conseguem segurar seu gado, não soltem no pasto. Ou o objetivo é só assustar?

5 – “Estes Movimentos Sociais são a nova forma, legítima, do povo se manifestar e expor seu descontentamento, em todos os países”.

Nem nova, nem legítima. O partido que está no poder no Brasil há mais de dez anos foi useiro e vezeiro desta estratégia. Agora não sabe se reprime ou se adere. Os países em que estas manifestações ocorrem com mais frequência, se estão conseguindo algum resultado na redução de seus problemas, é apesar delas e não por causa delas. Presta atenção. Estas expressões das chamadas Liberdades Democráticas só ocorrem nos locais em que os regimes pretendidos pelos beneficiários de tais práticas ainda não foram implantados. Quando são, a moleza acaba. Quer exemplos ou quer que eu desenhe? Quem está por trás aqui? Quem ganha? Já se perguntou, caro manifestante?

Existem leis aqui, sabia? Boas, más, úteis e inúteis. Foram vossos, nossos, representantes que as votaram. Quer mudar? O caminho é: Vote melhor, cobre seus representantes, vá ao Congresso em Brasília, vá à Assembléia Legislativa, vá à Câmara dos Vereadores, vá aonde quiser, mas use os canais legítimos que estão à sua disposição. E jamais imagine que você tem o direito de tirar os meus direitos. Não tem.


Abraços. 

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