sábado, 18 de agosto de 2012

A neta do William.


William Atihe morreu ontem. Tinha 67 anos, como eu, tinha filhos e netos, como eu, tinha uma profissão parecida com a minha, na verdade tínhamos muitas coisas em comum.

Amava muito seus filhos e netos e procurava vê-los todas as semanas em encontros para almoçar ou jantar, com a presença de todos. E era amado reciprocamente por todos eles, que viviam preocupados com sua saúde frágil e com suas constantes dores nas costas, que o obrigavam a se entupir de analgésicos. O coração não resistiu e William partiu jovem, ao menos nas estatísticas que vemos hoje em dia. Encontramos-nos meia dúzia de vezes em eventos sócio-familiares e ele sempre me tratou com gentileza e elegância, o que parecia ser sua característica.

Mas o que eu mais gostava nele era saber de seu carinho por sua neta Nathalia, a primeira de sua família e muito querida por ele. Certa vez pediu, meio sem jeito, à mãe e ao pai da Nathalia que lhe fosse permitido levar a neta para um passeio em um shopping, só os dois, para almoçar, passear, estas coisas que os avós gostam de fazer com os netos. Ficou todo feliz quando o filho e a nora autorizaram o passeio. A neta, por sua vez, o adorava. Sempre contava dos encontros com Vovô William e das maravilhas do molho branco do Manezinho, que comia com o macarrão dominical no restaurante em que ia com os pais e o avô. O vovô sempre reservava para a neta várias moedas de R$ 1,00 para que ela guardasse e depois comprasse algum presente, o que ela adorava. Muitas vezes antecipava o valor correspondente a muitas destas moedas para permitir que ela conseguisse alguma coisa que estava querendo muito e logo, vocês sabem como são as crianças.

Estou muito triste com a perda da Maria Tereza, do Alexandre, do Sérgio, do Igor e da Larissa, sua mulher e filhos, mas estou particularmente triste pela falta que William fará à sua neta Nathalia, que ainda é muito pequena para entender estas coisas (será que alguém entende?) e sentirá, mesmo sem perceber, muita falta deste avô. Eu sou o outro avô da Naná e vou procurar ajudá-la quando a saudade do William bater muito forte, mas sei que nunca será a mesma coisa, sem o molho branco do Manezinho, sem as moedas para guardar e sem o carinho daquele avô especial.

Deixo para ele esta prece Irlandesa, muito linda, e que espero que se realize:

William,

Que as gotas da chuva molhem suavemente o seu rosto,
Que o vento suave refresque seu espírito,
Que o sol ilumine seu coração,
Que as tarefas do dia não sejam um peso nos seus ombros,
E que Deus envolva você no manto do Seu amor.
Que a estrada se abra à sua frente,
Que o vento sopre levemente em suas costas,
Que o sol brilhe morno e suave em sua face,
Que a chuva caia de mansinho em seus campos.
E até que nos encontremos de novo...
Que Deus lhe guarde na palma de sua mão.

Boa Viagem, Irmão!  

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