Desta vez o assunto é um no qual não sou muito
versado, outros o conhecem muito melhor do que eu, mas talvez o aspecto que
quero abordar não seja assim tão comum, vejamos no que vai dar. Aos eventuais
leitores (grato!) peço paciência. Vamos lá.
Sempre leio reportagens falando do “melhor jogador
de futebol do mundo” e acho isto uma bobagem sem tamanho. Não há como comparar
jogadores atuais com craques do passado já que não havia as modernas formas de
registrar as partidas nem tantos detalhes que pudessem ser avaliados. Muitas
vezes as façanhas dos atletas eram ouvidas em transmissões radiofônicas que
enchiam de emoção partidas modorrentas que davam sono nos torcedores que
estavam nos estádios. Além disso, meus jogadores preferidos nunca foram os
atacantes. É claro que aqueles que fazem os gols serão sempre mais festejados,
mas meus ídolos eram jogadores de defesa, talvez alguns jogadores de meio de
campo, chamados de “meias”, acho que hoje em dia chamam-se “volantes”.
Mauro Ramos de Oliveira, primo de um grande amigo –
o Bi, Hilderaldo Luiz Bellini, Djalma Santos, Dudu – do Palmeiras, Zito – do Santos,
Gerson, Ramos Delgado, Pedro Rocha, Chicão – do São Paulo, Didi, Nilton Santos,
estes sim eram meus queridinhos. Cada um é cada um e cada qual é cada qual, é
claro, mas estes foram jogadores espetaculares e resolutivos. Eram capazes de
mudar o curso de uma partida só dando o exemplo aos cabeças-de-bagre que os acompanhavam
em campo. O olhar de um deles chamava à responsabilidade os companheiros, eram
líderes. Todos aos quais me referi foram jogadores de uma categoria superior.
Há a categoria dos bons jogadores e há a categoria dos grandes jogadores. Os
que citei foram, em minha opinião, os Grandes.
Mas dentre todos se destaca Nilton Santos, meu
jogador de futebol preferido. De todos os grandes, em minha opinião foi o
Maior. Nunca mais vi em ninguém a mesma presença em campo. Botafogo ganhasse ou
perdesse ele saia de campo com uma altivez que não dava espaço a nenhum
comentário indevido, era um príncipe. Há passagens a seu respeito que se
tornaram folclóricas, como o passo para frente que deu, saindo da área e
evitando que a falta que havia cometido fosse marcada como pênalti contra o
Brasil na Copa de 1962. Minha preferida foi a corrida que deu atrás de Armando
Marques, juiz implicante e mal-educado, que gostava de ofender os jogadores,
gostava de expulsar o Pelé só para ganhar destaque o danado. Dirigiu-se ao
Nilton Santos de forma muito agressiva e indelicada e mesmo avisado pelo
jogador que deveria conter as ofensas continuou com aquilo. Em dado momento
Nilton perdeu a paciência e deu sensacional corrida atrás do safado, que era
covarde entre outros atributos, culminando com uma bolacha caprichada na orelha
do elemento que se esborrachou nas escadas dos vestiários do Maracanã.
Hoje Nilton Santos está muito doente, coisa comum a
quem chega aos 88 anos, mas acho que nunca mais vou gostar tanto de ver alguém jogar
futebol.
Quando ele chegar ao céu, a posição de lateral-esquerdo
já terá seu titular definitivo.
Muito Obrigado, Grande Nilton Santos, o Maior!
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