quarta-feira, 15 de julho de 2015

Imigrantes





A menos que você seja um nobre representante dos “Povos da Floresta”, todos nós, de uma maneira ou de outra, descendemos de imigrantes. Portugueses, Italianos, Espanhóis, Japoneses, Alemães, Árabes, Judeus, as origens são as mais diversas, mas a situação deve ter sido sempre semelhante. Diante de problemas terríveis em seus países de origem, sem saber o que fazer, sem perspectivas para viver e sustentar mulher e filhos, agarravam-se à esperança de uma vida melhor num local distante e misterioso, do qual não sabiam quase nada. Aceitavam afastar-se de suas famílias, de seus amigos, dos locais que conheciam, para tentar a sorte.

Chegavam assustados, muitas vezes sem conhecer a língua falada no local de destino, sem dinheiro, com algumas poucas roupas em suas malas, tendo somente a fé para ampará-los. Devia ser uma coisa assustadora. O que levaria um homem a chegar em casa e gritar: Mulher! Arrume as malas, coloque todas as nossas coisas, lave os pés das crianças, coloque os sapatos e a roupa de domingo nelas, que vamos viajar. Para onde vamos, perguntava ela? Para o Brasil. Brasil?! E por acaso conheces alguém lá, Manoel (ou Manolo, ou Giuseppe, ou Kwanjiro, ou outro nome que queiram)? Ninguém. E quando voltaremos? Após um breve silêncio, a resposta: Nunca!

Toda vez em que penso em exemplos de coragem, são estes homens e mulheres que me vem à mente. Nada de astronautas, com uma enorme retaguarda tecnológica e financeira, nem exploradores, alpinistas ou surfistas de grandes ondas, todos com patrocinadores e equipes de apoio. Os imigrantes não tinham retaguarda nenhuma, eram só eles e olhe lá. Isto sim era um salto no escuro. Para os que atualmente ainda precisam fazer isso (Africanos, Haitianos, Palestinos, Sírios, etc.) continua sendo a mesma coisa, a mesma incerteza, o mesmo medo.

E foram para as fábricas, para as fazendas, moraram em cortiços, suaram para ganhar a vida na nova terra, mas nunca desistiram. Criaram filhos e filhas, e seus filhos lhes deram netas e netos, brasileiros. Muitos destes descendentes de imigrantes não fazem idéia das aventuras que seus antepassados tiveram que enfrentar para lhes dar as oportunidades que não teriam em outras paragens.

Assim, quando você quiser pensar em alguém destemido, corajoso, aventureiro, esforçado, não pense em atletas contemporâneos, em desbravadores patrocinados, em profissionais que vivem do risco, pense em seus avós ou bisavós. Estes sim foram pessoas destemidas, às quais devemos render nossas homenagens.

Rendo minhas homenagens ao José (Pepe) e à Josepha (Pepa), que vieram de Granada, Andaluzia, Espanha, com uma filha bebê e emendaram mais nove filhos por aqui. Rendo minhas homenagens ao Joaquim e à Ana, que vieram de Vila Real, Trás Dos Montes, Portugal, neste caso já trazendo as quatro filhas mocinhas, Mariquinhas, Delmira - minha mãe, Alzira e Augusta.


Orgulhe-se dos seus imigrantes, eu me orgulho muito dos meus.

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