terça-feira, 28 de setembro de 2010

Júnior.

Sempre me relacionei bem com crianças, e elas comigo. No bom sentido, esclareço, afinal não sou padre nem bispo, cruz-credo. Venho de uma família grande, sempre com uma criança pequena pelo meio, vieram três filhos e agora cinco netos. Pimpolhos nunca faltaram em minha vida, ainda bem.
Netos são um capítulo à parte, imagino que sejam uma espécie de bolsa-velhice que o Todo-Poderoso dá para compensar a juventude que tirou. Tem dias em que a troca vale a pena.
Esta convivência me deu alguma habilidade para cuidar dos pequenos, ficar atento aos perigos, distrai-los com histórias e conversas sem pé nem cabeça que, podem acreditar, eles adoram. Não sei como será à medida que crescerem, mas até agora os truques estão funcionando.

Por isso mesmo minha surpresa. Vinha pela rua quando escutei “Júnior, cuidado, espere a mamãe”. Decerto uma jovem com seu filho pequeno querendo evitar que o mesmo se machucasse, muito bem.
Júnior olha que é entrada de garagem, pode sair um carro”, “Júnior, não mexa ai que você vai se sujar”, e por ai vai. Chegávamos a um cruzamento e a ordem veio, rápida: “Júnior, espere a mamãe para atravessar a rua”.
Prestativo olhei para trás para ver se a tal criança estava muito distante da mãe, pronto a intervir se julgasse necessário. Fui, então, apresentado a Júnior, um cachorro pequeno, destes fazedores de merda peludinhos e com fitinhas amarradas nas orelhas, recém-saído de algum dos salões de beleza caninos tão comuns hoje em dia. Na outra ponta da cordinha estava uma quarentona de sessenta e poucos anos ligeiramente ofegante pelo exercício forçado e satisfeita com as gracinhas do animalzinho.
Antes de atravessarmos a rua, comentou: “Júnior dá um trabalho, é uma gracinha mas tenho que ficar de olho. O senhor tem cachorro?”. Na verdade tenho um cachorro virtual, chamado Seu Bosta, que uso em algumas postagens no twitter, mas ela não iria entender, então fiz a maldade: “Graças a Deus não”.
Ficou triste, a pobrezinha, e não me dirigiu mais a palavra. Não precisava ter feito isso, mas não me contive. Quem mandou chamar a porra do cachorro de Júnior? Eu, como avô em exercício, estava preocupado com aquele menino que andava atrás de mim e cuja mãe dava, a todo momento, conselhos cuidadosos. Fiquei decepcionado ao ver que não era um menino, não da raça humana pelo menos. Cada um para seu lado e eu pensando “Esta ai deve odiar o marido senão não daria o nome de Júnior para o cachorro”. Distraído, pisei em um resíduo canino deixado, provavelmente, por outro bicho com nome de gente.
Bem-feito, quem mandou ser malcriado.

   

domingo, 26 de setembro de 2010

No meu tempo é que era bom.

Pelo menos comigo é assim: Toda a história da humanidade anterior ao meu nascimento se resume a alguns livros escolares, algumas pesquisas enciclopédicas, alguns filmes duvidosos, e fica por ai. Milhares (milhões?!) de anos resumidos em poucas páginas e misturando-se no meu miolo. Platão, César, Galileu, Colombo, Santos Dumont, Einstein, estão todos amontoados em algum canto escuro do meu cérebro.

A partir do meu nascimento, porém, a coisa muda. Cada mês, cada ano, dariam material para vários compêndios, cada pequena situação tem a relevância da invenção da imprensa por Gutemberg. Isto se chama auto-referência, eu acho.

Por que esta conversa toda? Porque estava pensando, justamente, no início de minhas atividades profissionais, mais ou menos à época do Descobrimento da América ou da Proclamação da Independência do Brasil, próximo do tempo em que os bichos falavam.

A área chamava-se, então, Processamento de Dados. Depois virou Informática e , hoje em dia é conhecida pelo genérico Tecnologia, que não é só isso, mas vai convencer os marqueteiros das Casas Bahia ou do Magazine Luiza.


Raríssimas empresas tinham computador, monstrengos com 64K de memória, disco de 5 mega, uma porrada de máquinas para tratar com cartões perfurados (Ah! Não sabe o que é, né Mané?), e por ai vai. Para escrever usava-se as máquinas de escrever, com direito a carbono e tudo; para somar tínhamos calculadoras que pesavam mais do que eu (naquele tempo, é claro); fotos eram no estúdio do japonês na praça, gravar sons só com gravador de carretel. E telefonar, então? Era complicado, já que poucos tinham telefone e as ligações eram péssimas.

E ai olho pro meu celular. A porrinha faz tudo isso, e muito melhor. Acrescente-se a gravação de vídeos (impensável!), o envio de mensagens de texto ou multimídia (o quê?), GPS, leitura de jornais e busca de informações na Internet, esta coisa incompreensível.

Então, quando algum membro da pior-idade disser “No meu tempo é que era bom”, tenha certeza: É mentira! Quando muito é inveja. Vai por mim que eu sei do que estou falando.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Idiota!


É só começar a campanha eleitoral e passam a me tratar como idiota. Sem exceção, partidos da situação, da oposição, do ora-veja, do veja-lá, do dá-aqui-o- meu, todos acham que podem me enganar.

Candidatos que deveriam estar presos, mostram a cara na TV e fazem piadinhas com as eleições, velhos ladrões posam de gente boa, ladrões novos fingem indignação, um circo.

Juca Chaves, Tiririca, Leci Brandão, Netinho, Moacir Franco, Ronaldo Esper, Marcelinho Carioca, Mulher Pera, este elenco não serve nem para um programa vagabundo em uma emissora de quinta. E talvez alguns sejam eleitos, vê se pode. Depois vamos reclamar do congresso! Reclamar do quê, se foram eleitos por votos que valem tanto quanto o seu ou o meu?

E o Tuma!? Alguém acredita que demonstra apoio de todo mundo? Lula, Serra, Alkmin, Don Paulo Evaristo, Neném Prancha, todo mundo tem uma declaração de apoio à velha raposa, mesmo que sejam vídeos antigos, editados com esperteza. Vai pra casa, porra! Já não roubou o suficiente? Vai cuidar de seu filho delinquente. Segurança começa (ou deveria começar) em casa.

Depois vem com esta conversa de “Ficha Limpa”. Sei, Osório, são “Ficha Limpa” até surgir a primeira oportunidade de roubar, ai Pimba! Viram “Ficha Suja” depressinha.

Ouvi na rádio uma pesquisa em que 13% dos eleitores afirmam que venderiam seus votos, se pudessem. Como? Se pudessem? Já estão vendendo, há muito tempo. Bolsas diversas(Família, Gás, Escola, Ditadura, o cacete), são formas garantidas de conseguir votos para os que conseguem posar de donos destes programas sociais. Pra mim, o índice de eleitores que vendem os votos devem passar de 75% (chute, é claro).

E, no final, querem que eu vote em alguém para que o outro não seja eleito. Como é que é? Devo votar em quem não gosto para que outro, de quem gosto menos ainda, não seja eleito? Vão tomar no Difusor Traseiro, como diriam na Fórmula 1.



Rapaz, como a campanha eleitoral me irrita!



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quem foi que descobriu o Brasil?

Primeira pergunta das aulas de história das crianças do meu tempo, era sempre respondida com o sonoro “Pedro Álvares Cabral”, que depois de enfrentar terrível calmaria teria avistado o Monte Pascoal, Bahia, em 22 de abril de 1500.

Mesmo que depois viéssemos a aprender que a coisa não tinha sido bem assim, que ele já sabia para aonde estava indo, que era tudo jogo de cena para enganar os espanhóis e ficar com boa parte do novo continente, o cacete, aquela imagem de um momento mágico e inesperado ficava na cabeça dos pimpolhos por muito tempo, ao menos na minha ficou.

E não é que estou tendo que aprender tudo de novo?!

Sou informado diariamente, pelas infindáveis propagandas do governo federal, que o Brasil só foi inaugurado após o início do governo de Luiz Inácio da Silva, vulgo Lula. Que antes desta data era um brejo de dar dó, sem nada que prestasse. Devíamos a Deus e todo mundo, coisa que, graças à engenhosidade de Sua Magnificência, já não ocorre. Não tínhamos estradas, nem serviços de saúde, muito menos escolas para nossos rebentos, que cismavam de rebentar a qualquer momento, já que não tínhamos nada melhor para fazer do que trepar e produzir filhos.

Foi então, que há cerca de 8 anos, o Altíssimo se apiedou desta chusma de desvalidos e nos enviou a salvação através de seu segundo filho: Lula, o Magnânimo.

E as escolas, estradas, hospitais, casas para todos, automóveis, alimentos começaram a brotar do chão como num efeito especial de Avatar, aquele filme azul. De devedores passamos a credores, todos querem nosso conselho nas divergências de opinião que há pelo planeta, a população nunca esteve tão feliz como agora. Às vezes tenho que enxotar de casa os médicos que querem me atender, mesmo que eu não tenha nenhuma queixa.

E vocês ainda tem dúvida de em quem votar? Santa paciência! Não perceberam que sem Sua Generosidade e seus Apóstolos poderemos refluir para a merda da qual viemos, voltando àquela condição pré-histórica? Vocês querem o fim dos milagrentos programas sociais que tanto ajudam nossos irmãos mais necessitados? Querem o fim deste gigantesco programa de desenvolvimento que tantas estradas construiu pelo Brasil, e que identificou a maior reserva de petróleo do universo, suficiente para gerar energia para todos pela eternidade, e que se encontra quase à mão, bastando encher o balde com o precioso óleo?

Então, às urnas cidadão, formem seus batalhões, marchemos, como no hino daquele país que tanto nos admira.

O quê? Não é bem assim? Então devo estar entendendo errado as mensagens que recebo. Vou revisar, depois aviso. Tchau!

sábado, 18 de setembro de 2010

Lançamento de produto.

O alarme instalado em uma empresa ao lado do prédio em que moramos vem causando muitos aborrecimentos a todos nós, já que o mesmo dispara a intervalos regulares durante todo o fim de semana. E ninguém faz nada a respeito visto que, é claro, o puto do dono da empresa está em outro lugar.

Pensando a respeito, após ser acordado por mais um toque do maldito artefato, gostaria de sugerir aos empreendedores da área de tecnologia o lançamento de novo produto que, por sua utilidade vai, seguramente, fazer sucesso em pouco tempo.

Trata-se do Alarme-Supositório, cujas principais características descrevo a seguir:

O dispositivo destinado à proteção em questão (Empresa, Casa, Carro, etc.) seria instalado normalmente, junto ao patrimônio que deve proteger.

A diferença estaria na forma de alertar aos responsáveis pelos cuidados com aquele bem. No lugar dos insuportáveis sinais sonoros e/ou luminosos normalmente utilizados, seria emitido inaudível sinal de rádio, ou de outra frequência mais adequada, que seria recebido pelo revolucionário Receptor-Supositório.

Este receptor seria instalado no RPT (receptáculo pessoal traseiro) do responsável pelo objeto a ser protegido, aonde os sinais recebidos seriam transformados em choques elétricos que seriam aplicados no local.

Caso o responsável estivesse usando o receptáculo para outras finalidades poderia pedir à sua mãe, sua mulher, sua filha, ou seja, a alguém se sua confiança, que portasse o artefato temporariamente.

Tenho certeza que levando choques no próprio rabo, as ações de investigação e desarme da porra do alarme seriam muito mais rápidas.


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Agradecimentos, Advertências e Efeitos Colaterais.

Este Blog só foi possível graças ao estímulo e orientação de minha filha, que vê algum interesse nas besteiras que falo. Meus netos também acham o avô meio bobagento, mas os netos não contam, são pequenos ainda e gostam da gente de qualquer forma.   
Queria agradecer, também, a meus filhos, pais, professores, amigos e aparentados em geral por não terem me internado até agora, apesar de concordarem que tenho o miolo um pouco mole.
Agradeço, principalmente, àquela santinha que aceitou casar-se comigo e me atura há tantos anos. Talvez venha a ser canonizada, nunca se sabe. 
Convém esclarecer, nesta festa de inauguração, que as ideias que serão aqui apresentadas poderão conter palavras chulas, conceitos esdrúxulos, preconceitos diversos, ironias deslavadas e outras impropriedades.  
Recomenda-se seu uso com moderação, bem como evitar deixa-lo ao alcance das crianças. Pode ser referido em festas, convescotes, velórios e outros eventos sociais com baixo nível de responsabilidade. O uso concomitante com bebidas alcoólicas pode potencializar seus efeitos.
O pensamento que norteará os trabalhos deste espaço e de cujo autor eu, evidentemente, não lembro é:  
"O que me incomoda não é como as coisas são, mas como as pessoas pensam que as coisas são".
Bem-vindos, cuidado com os degraus.