sábado, 30 de outubro de 2010

Festa da democracia!

Desde pequeno, muitas vezes sem entender o que se passava, escuto discussões sobre política. Quase sempre eram calcadas em “O seu candidato é mais ladrão que o meu” ou outras preciosidades parecidas. Ainda é assim. Erenice Guerra vale quantos Paulos Pretos? O candidato é veado? A candidata largou o marido e trocou por um milongueiro picareta? Sua mulher fez um aborto? A senhora matou quantos enquanto era guerrilheira? Deveriam lançar um álbum de figurinhas com candidatos, assessores, cupinchas, amantes, ex-maridos ou ex-mulheres, filhos ou filhas que cuidam do cofre, estas coisas. O álbum seria retirado no cartório eleitoral mais próximo e os pacotes com as figurinhas seriam comprados em bancas de jornais, sendo a arrecadação decorrente destinada a alguma ONG corrupta, do governo ou da oposição, tanto faz. Ao menos poderíamos nos distrair tentando completar o maldito álbum e trocando figurinhas, no bom sentido, com amigos e conhecidos. É claro que haveria um mercado negro dos cromos, valorizando as figurinhas mais difíceis. Daria mais sabor à coleção.
Quem conseguisse completar o álbum ganharia uma passagem para Brasília (de ônibus, é claro, afinal temos que zelar pelo dinheiro público!) para visitar o zoológico aonde vivem os políticos e poderia verificar para aonde vai o nosso dinheiro. A todo momento seria lembrado, por uma gravação da maravilhosa Iris Lettieri, que é permitido alimentar os animais. De preferencia com alimentos e bebidas importados.
Assim ao menos teríamos algum beneficio com as deprimentes campanhas eleitorais que assolam este pais. Seria divertido e, ao mesmo tempo, instrutivo. Os personagens poderiam ser classificados não só por partido mas também por categoria funcional. Ao pé do local em que deveriam ser coladas as figuraças haveria breves descritivos, tais como: - Assessor, responsável por arranjar desculpas esfarrapadas e contratar aloprados para a obtenção de dossiers; - Amante, mestrado no puteiro da Eny em Bauru, especializada na posição do canguru perneta; - Cão de guarda, treinado para revidar a ataques criando xingamentos terríveis e colocando em dúvida a masculinidade (ou feminilidade) do adversário (a); - Parente intelectualmente prejudicado, cuja única função é fazer merda e arrumar denuncias contra seu próprio candidato; e por ai vai.
Fica a ideia para o TSE, tão criativo na elaboração de propagandas que nos lembram a todo momento da importância do voto. Da inutilidade ninguém fala, né?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Eleições – Se correr o bicho pega...


Na época das eleições O TRE costuma divulgar inúmeras propagandas destacando a responsabilidade que recai sobre seus ombros. Como a língua portuguesa é madrasta, no mau sentido, esclareço: nos TEUS ombros, ocasional leitor, e não nos deles.

O filme atualmente em exibição mostra um jovem (nem tanto) deixando a casa paterna e partindo para encontrar seu destino em algum lugar distante. A mensagem destaca a importância do momento, bem como o sacrifício envolvido nesta situação. Lembra, principalmente, que a decisão tomada terá implicações em sua vida (tua vida!) por muito tempo.

Ao herói cabe, através de seu voto, salvar o país. Aleluia!

São filmes que apelam ao sentimento de culpa que, de uma forma ou de outra, todos nós carregamos. Querem dizer mais ou menos o seguinte: Nós, do TRE, fizemos nossa parte, se alguma coisa der errada a culpa é de vocês, cambada.



Vão se foder!



Como a legislação eleitoral brasileira, costurada à época da tão criticada ditadura militar e nunca modificada pelos políticos que vieram depois – não interessava mais, né putada?, procurou formas de manipular o congresso, tornando a representação no legislativo desvinculada do número de eleitores de uma região e criando uma relação direta com o número de unidades da federação, a coisa ficou esdrúxula, para dizer o mínimo. O estado de São Paulo, com cerca de 30 milhões de eleitores, tem o mesmo número de senadores que o celeiro da intelectualidade brasileira, o Acre, que não sei se chega a 1 milhão. Nada contra o estado natal de Adib Jatene, de Armando Nogueira, de Chico Mendes e de Marina Silva, mas meu voto deveria valer a mesma coisa que o dos nobres irmão acreanos, não concordam? Pois vale muito menos.

E esta é a menor das distorções de nossa espantosa legislação eleitoral. Não podemos impedir que notórios delinquentes sejam eleitos e tomem posse, não podemos retirar, no decorrer do mandato, o voto que foi dado a alguém que se demonstrou um grande filho-da-puta, não conseguimos evitar que chusmas de eleitores mal intencionados ou absolutamente desinformados elejam malfeitores para representar seus estados e que, tão logo chegam ao congresso montam quadrilhas para defender interesses espúrios, de grupos ou partidos. Na verdade podemos muito pouco.

Os partidos escolhem seus candidatos através de estratagemas de bastidores, de troca de favores, de chantagens e outras delicadezas. Nem o STF, que deveria ser a última defesa da Nação consegue manter o mínimo de ordem nesta bagunça. Ministros indicados por razões políticas, enterrados até o pescoço em compromissos pessoais e partidários, não conseguem agir de forma independente, vide a recente votação dada à lei da “Ficha Limpa”. Só faltou gritarem: “Cruz-Credo, tirem este bicho daqui!”, durante o julgamento do assunto.

De minha parte não aceito a parcela de responsabilidade que o TSE quer que eu assuma. Não com esta legislação eleitoral. Só me resta repetir: Vão se foder!


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Os mano e a mina.

- E ai mano, beleza?
- Beleza mano, só no trampo. Esta vida de cachorro-louco tá me matando, meu.
- Você reclama de barriga cheia, como se diz. Se não sabe do lance dos mano da mina?
- Que mano meu, que mina? Atropelaram ela? Neguinho fica dando bobeira e atravessando com o trânsito parado e ai, nois vem costurando no meio dos carro e, pimba, acerta uma distraída. Depois os pessoal reclama, mas ninguém se liga.
- Nada disso mano, tô falando dos mano que estão presos lá na mina, lá na Europa, na França, na Bolívia, no Chile, sei lá.
- Não tô ligado mano, qual é o lance?
- Seguinte: Faz um tempão que os mano tavam trampando na mina e, cabum!, a porra caiu tudo e os cara ficaram presos lá embaixo. Um puta buraco meu, mais de 600 metros de fundura. Acho que faz mais de três meses, sei lá.
- Cacete mano! E não morreu nenhum?
- Nenhum, percebe? Quando não é a hora neguinho não vai. Deus é que sabe.
- Mas e ai, já tiraram os cara?
- Nada meu. Não tinha como. Ai veio um monte de gente de outros lugares, até da NASA, saca, aquela dos astronautas, pra ajudar. Até agora nada.
- Puta-que-o-pariu, mano! Os cara tão lá até agora? E comida e água e banheiro, como é que faz?
- Acharam um esquema pra mandar água e comida pros neguinho, banheiro não sei. Devem fazer em algum cantinho. Parece que agora acharam um jeito de tirar os mano, meu.
- E qual vai ser o esquema?
- É da hora, meu. Inventaram um elevadorzinho minúsculo, enfiaram o bicho num tubo que vai até onde estão os mano e vão puxar um por um. A porra é mais apertada que passar no meio dos carro na 23 de Maio às 6 horas da tarde meu, vai ser foda! Vai ser um de cada vez e a viagem vai levar uma hora, se fosse nois era despedido, e tem que usar óculos escuro e roupa especial e tal.
- Nossa maluco! Tem muita luz no tal elevador, pra ter que usar óculos escuro?
- Que nada meu. É que os cara tão há tanto tempo lá embaixo que se sair pro sol sem proteção fica cego na hora, mano.
- Pensei uma sacanagem agora, se o nosso Ronaldo tivesse lá embaixo tava fodido, não ia caber no elevador.
- Só. Já pensou o Jô, iam ter que tirar pedacinho por pedacinho. Ia levar um ano, meu.
- Vamo rezar pra dar certo, né meu. A coisa parece complicada.
- É isso meu, os mano tão na mão de Deus, como sempre diz minha mãe quando saio pras entregas.
- É mano, só Deus pra resolver as paradas. Olha bro tô saindo que agora pego na pizzaria pra fazer os delivery que a grana tá curta.
- Eu também tô indo, tô fazendo um bico num bingo clandestino nos jardins, maior elegância meu. Sirvo os bacana no bar.
- Se liga mano.
- Vai na fé mano.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Final do Campeonato.

A situação do Serra é a seguinte: Imagine a finalíssima de um campeonato nacional de futebol, a ser decidido em dois jogos, o famoso ida e volta. Primeiro jogo, 4X0 para o adversário. Dilma Futebol e Regatas tem a seu favor o técnico, a torcida, o juiz, os bandeirinhas, o iluminador, o maquiador, o figurinista, o contra-regras, os músicos, o escambau.

O time de Serra não foi bem no campeonato. Empatou demais, jogo amarrado no meio de campo, nenhum talento no ataque. Desprezou as orientações do antigo treinador, se fingindo de surdo. Quando FHC, o ex-técnico, é citado, Serra desconversa. Finge que não é com ele. A torcida já percebeu isso e acha muita ingratidão, ora veja.

A hora H chegou, a cobra vai fumar, a onça vai beber água, a jabiraca vai piar, agora não dá mais pra jogar para o empate, fazer cera, por ai. Ou Serra vai pro jogo e arruma, nem que seja por empréstimo, alguns craques talentosos, ou depois não adianta dizer - “Fodeu!”. Tem que mostrar a que veio, no que é diferente, no que pode ser melhor. Tem que parar com esse papo de vendedor de aspirador de pó, mostrando as coisinhas que já fez quando era ministro, porteiro, governador ou presidente da UNE - aquela merda. Tem que arriscar cestas de 3 pontos, tacadas de 100 jardas, corridas para o touchdown ou para o home-run, estas coisas. Tem que mostrar coragem, que é o mínimo que se espera de alguém que quer ser presidente desta joça. Se é pra ficar alisando, mostrando boa educação, esperando a vez na fila, então deveria ter se candidatado a outra coisa, paraninfo da turma talvez.

Vai que é tua, Zé Serra!