Na época das eleições O TRE costuma divulgar inúmeras propagandas destacando a responsabilidade que recai sobre seus ombros. Como a língua portuguesa é madrasta, no mau sentido, esclareço: nos TEUS ombros, ocasional leitor, e não nos deles.
O filme atualmente em exibição mostra um jovem (nem tanto) deixando a casa paterna e partindo para encontrar seu destino em algum lugar distante. A mensagem destaca a importância do momento, bem como o sacrifício envolvido nesta situação. Lembra, principalmente, que a decisão tomada terá implicações em sua vida (tua vida!) por muito tempo.
Ao herói cabe, através de seu voto, salvar o país. Aleluia!
São filmes que apelam ao sentimento de culpa que, de uma forma ou de outra, todos nós carregamos. Querem dizer mais ou menos o seguinte: Nós, do TRE, fizemos nossa parte, se alguma coisa der errada a culpa é de vocês, cambada.
Vão se foder!
Como a legislação eleitoral brasileira, costurada à época da tão criticada ditadura militar e nunca modificada pelos políticos que vieram depois – não interessava mais, né putada?, procurou formas de manipular o congresso, tornando a representação no legislativo desvinculada do número de eleitores de uma região e criando uma relação direta com o número de unidades da federação, a coisa ficou esdrúxula, para dizer o mínimo. O estado de São Paulo, com cerca de 30 milhões de eleitores, tem o mesmo número de senadores que o celeiro da intelectualidade brasileira, o Acre, que não sei se chega a 1 milhão. Nada contra o estado natal de Adib Jatene, de Armando Nogueira, de Chico Mendes e de Marina Silva, mas meu voto deveria valer a mesma coisa que o dos nobres irmão acreanos, não concordam? Pois vale muito menos.
E esta é a menor das distorções de nossa espantosa legislação eleitoral. Não podemos impedir que notórios delinquentes sejam eleitos e tomem posse, não podemos retirar, no decorrer do mandato, o voto que foi dado a alguém que se demonstrou um grande filho-da-puta, não conseguimos evitar que chusmas de eleitores mal intencionados ou absolutamente desinformados elejam malfeitores para representar seus estados e que, tão logo chegam ao congresso montam quadrilhas para defender interesses espúrios, de grupos ou partidos. Na verdade podemos muito pouco.
Os partidos escolhem seus candidatos através de estratagemas de bastidores, de troca de favores, de chantagens e outras delicadezas. Nem o STF, que deveria ser a última defesa da Nação consegue manter o mínimo de ordem nesta bagunça. Ministros indicados por razões políticas, enterrados até o pescoço em compromissos pessoais e partidários, não conseguem agir de forma independente, vide a recente votação dada à lei da “Ficha Limpa”. Só faltou gritarem: “Cruz-Credo, tirem este bicho daqui!”, durante o julgamento do assunto.
De minha parte não aceito a parcela de responsabilidade que o TSE quer que eu assuma. Não com esta legislação eleitoral. Só me resta repetir: Vão se foder!
Achei perfeito!
ResponderExcluirAi, papai...sempre muito bom.
ResponderExcluirParticularmente, adoro os palavrões.