Devo confessar que sou um ser pré-eletrônico. Na minha
infância este prestigioso ramo do conhecimento humano ainda não tinha sido
percebido pelos dedicados cientistas que nos deleitam com utilidades com a
bomba atômica, a máquina de fazer pão, a fritadeira a ar, a escova alisadora de
cabelos e outras maravilhas. Quando era criança nem podíamos sonhar com algo
parecido com os videogames, isto nem nos passava pela cabeça. Só vim a conhecer
estas belezinhas quando comecei a comprá-los para meu filho Eduardo, este sim
um homem destes tempos modernos. Quando muito, tínhamos alguns jogos feitos de
cartolina ou madeira, ganhos no Natal, e que se resumiam a tabuleiros de Damas,
Loto (nunca entendi este negócio), Dominó, Xadrez para os mais espertos, estas
coisas.
Que dizer então de jogos nos telefones celulares?!
Nunquinha iríamos pensar nem em um, quanto menos nos outros. Mas meus netos são
craques neste negócio de jogar usando os celulares que estiverem à mão, deles
mesmos, dos pais, dos tios, dos avós, deu sopa eles saem jogando. E é aí que
começa a história que quero vos contar.
Estou dando um dos meus tradicionais passeios
matinais pelos aprazíveis recantos do Brooklin (ironia, pessoal, ironia) quando
escuto um miado quase inaudível. Procuro o pobre bichano, certamente abandonado
em uma soleira de porta por um destes maldosos malvados que assolam nosso país,
mas não vejo nada. Sei que já não tenho os ouvidos de um lobo, se é que lobos
escutam bem, mas ainda não estou totalmente surdo, apesar da opinião contrária
de minha mulher. Procuro, procuro, e nada. Sigo minha caminhada, fazer o quê?
Mais uns minutos e outra vez um miau fraquinho. Rápido como um raio, viro-me
pensando: desta vez te pego, seu gato. Qual o que, não vejo nada, por mais que
procure. A situação se repete algumas vezes até que o neurônio que me
acompanhava no passeio, o outro tinha ficado em casa descansando, me alerta que
poderia ser um barulho do celular, uma mensagem ou coisa assim. Mesmo
desconfiado resolvi verificar. Era!
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