terça-feira, 23 de agosto de 2016

Festa da Firma!



Em toda festa de fim de ano das empresas tem alguém que exagera. Pessoal não está acostumado com tanta bebida grátis e acaba indo com muita sede ao copo. Já assisti muita baixaria, talvez até tenha feito algumas, mas há historias que ultrapassam as mais espantosas previsões. O caso relatado a seguir é verídico, provêm de fonte absolutamente confiável, e aconteceu numa festa de fim de ano de uma grande empresa. As identidades dos envolvidos não serão reveladas para evitar maiores constrangimentos aos participantes e preservar a dignidade restante dos mesmos. Então, Keep Walking.

Mané, nome fictício, bebeu demais. Demais não, bebeu pra caralho, padrão de medida para exageros em geral. A partir de determinado momento não parava mais em pé, estava começando a dar vexame e a constranger os amigos. Rápida confabulação e dois bons samaritanos tomam a decisão de levá-lo para casa. Primeiro problema: Onde mora Mané, alguém sabe? Ninguém sabia, um tinha ouvido falar que era próximo da 9 de julho. Fácil, né? Vamos perguntar a ele, pensou um dos samaritanos. Mané, onde você mora? Glubstruin madttp! Como? Não entendi. Truisrralmno, julllllll. Como? Não é perto da 9 de Julho? Mané balançou a cabeça para todos os lados, no que foi entendido como um “Sim”.

Então vamos, diz Samaritano 1 para Samaritano 2. Toca a amparar o infeliz, um de cada lado, tentando chegar até o carro. Papelzinho para o valete, espera de meia-hora, escorando o maldito que insistia em cair, chega o carro. E agora? Se ele for atrás, vai deitar, pegar no sono e ninguém mais vai conseguir tira-lo desta merda. Fora a possibilidade de que ele vomite em nossas nucas. Para quem vomitou na mesa de salgadinhos, passou a mão na bunda da mulher do chefe e mijou na pia da cozinha, seria fichinha. Bem pensado, vai no banco da frente. Abre a porta, puxa o banco, e tenta colocar Mané no lugar. Uma luta. O bicho balançava para lá, balançava para cá, uma puta dificuldade. Afinal conseguiram rapidinho, não mais que 45 minutos. Nisto são 3.30 da madruga. Colocaram o cinto de segurança em Mané, a bem da verdade ele foi amarrado com o cinto, para que não caísse, e vamos lá.

Mané, 9 de Julho em que altura? Zrsrrt Gafftt. Não entendi um caralho, e agora? Mané, faz um esforço ai, em que altura da 9 de Julho? Prtdd Gabrrrll. Próximo da São Gabriel, é isso? Mané balançou a cabeça novamente, deveria ser por ali. Chegaram à área indicada (?!), por sorte três ou quatro prédios. Qual é o prédio, Mané? O bicho não respondia. Vamos por tentativa e erro, diz Samaritano 2. Vamos lá. Mané, qual é seu apartamento? &&dt5wç. Pronto, pensou Samaritano 1, vai dar merda. Deu.

Depois de muito insistir, deduziram que Mané morava no apartamento 23 de um daqueles prédios, mas qual? Pararam na frente do primeiro, com a chave retirada do bolso do elemento, e começaram a dialogar com Porteiro 1. Boa noite viemos trazer Mané para casa. Mas este cara não mora aqui. Como assim, ele diz que mora. Mora, não mora, Porteiro 1 acedeu, tá bom, pode levar, mas eu continuo achando que ele não mora aqui. Descarrega o Mané, empurra até o elevador, mete a chave na porta e. não era. Toca a campainha e, por sorte, ninguém atende. Empurra de volta para o elevador, desce, sai do prédio e agradece ao Porteiro 1, que reforça: não falei?!

Prédio 2, Porteiro 2, mesma história. Mas este reconheceu Mané. Ele mora aqui, sim senhor, só não sei qual é o apartamento. Esta é fácil, pensaram os samaritanos, é o 23. Não era. Chave na porta, campainha, um cara mal humorado (pudera, quase cinco da manhã) abre a porta e gentilmente argumenta: Que porra é esta, são 5 da manhã, qual é? Viemos trazer o Mané, ele bebeu um pouco a mais na festa da firma. E eu com isso, este merdinha não mora aqui, acho que mora no 123, e bateu delicadamente a porta. Parece que foi trocada ontem. Elevador, empurra, chave na porta e. era. Jogaram Manoel na cama, bateram a porta ao sair, agradeceram ao porteiro. Ufa! Missão cumprida.

No dia seguinte, Manoel pergunta: Alguém sabe o que aconteceu ontem na festa? Não lembro como fui parar em casa. Quase foi linchado.  


“Se non é vero, é bene trovato”.

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