Dia
22 de Setembro é o dia de São Mauricio, que eu nem sabia que existia, e neste
dia, como em todos os outros dias, costuma acontecer muita coisa. Gonzaguinha
(1945) e Andrea Bocelli (1958) nasceram neste dia. Antonio Conselheiro, o de
Canudos, morreu em 22 de setembro de 1897.
Particularmente
em 22 de setembro de 1962, nasceu Diogo Mainardi, o Botafogo venceu o Flamengo
(3X1) e deu 03.334 (Cobra) na Loteria Federal. Mais particularmente ainda,
houve um baile na casa do Eduardinho na praça da biblioteca do Tatuapé.
E
foi lá, no sábado 22 de Setembro de 1962 que comecei a namorar Maria Clara.
Cinquenta
anos atrás as coisas eram diferentes. Não tinha esta conversa de ficar com
alguém, ou você estava namorando uma pessoa ou não estava. E havia um ritual
para tanto. Normalmente o rapaz perguntava à moça em questão se ela aceitava
namorar com ele. Era um processo pior que vestibular. E o medo de um não como
resposta? Mobilizava-se, então, um batalhão de assessores. Um amigo comum fazia
sondagens junto a outros conhecidos para avaliar se o convite tinha
possibilidade de ser aceito, se a eleita já havia comentado sobre o atrevido
pretendente, estas bobagens da adolescência. Mas que era bom, era.
Conosco
não foi diferente. Já nos conhecíamos há algum tempo, éramos da mesma turminha,
a já comentada Turma do Palacete, frequentávamos os mesmos bailinhos, reuniões
dançantes aos sábados ou domingos, sempre na casa de um que tivesse pais mais
liberais.
Voltando
à casa do Eduardinho, naquele sábado 22 de setembro de 1962 as sondagens tinham
sido feitas, aparentemente estava tudo bem, mas nunca se sabe, não é? Naqueles
tempos, quase bíblicos, ouvíamos Ray Conniff, Elvis Presley, Pat Boone, Neil
Sedaka, Paul Anka e eu gostava de um certo Ray Charles. Ray Conniff toca “La
Mer” e eu tiro Maria Clara para dançar. Lá pela metade da música faço o
irrecusável convite: Você quer namorar comigo? Silêncio dramático, pausa
interminável, e ela: Vou pensar e depois te respondo. O quê!? Isto não estava
no script, e agora como é que faz? Terminada a música, cada um para o seu lado,
ela para o grupo das meninas e eu para a caverna dos trogloditas. Como é que
foi, falou, e ela,...? As meninas eram só risadinhas e olhares para o nosso
grupo, acho que para ver se alguém tinha desmaiado. Passado algum tempo, Ray
Charles manda “Stella by Starlight” seguida de “Ruby” sem interrupção, novo
convite para dançar e a pergunta: Já pensou? Ela responde: Já, eu aceito
namorar com você. Que alívio!
Demoramos
seis anos e picos para nos casar, já que naquele dia eu tinha dezessete anos e
Maria Clara quinze, vejam só. O resto vocês já sabem. Três filhos, cinco netos,
muitas peripécias e, como bem definiu minha filha Priscila, várias encarnações
depois, continuamos juntos, esta mulher é uma santa.
Uma
vez, durante nosso namoro, li numa revista um texto que dizia mais ou menos o
seguinte:
“Era
uma vez um homem que amava uma mulher. Digamos que este homem fosse eu e esta
mulher fosse você, Maria Clara. Então a história seria assim: Era uma vez um homem
feliz e obstinado que amava Maria Clara”.
Não
tive dúvidas, copiei o texto e levei para a minha Maria Clara, que me achou o
gênio das letras. Demorei algum tempo para confessar o plágio e ela, como
sempre, relevou minha travessura.
Então
fica assim, esta é a história de um homem feliz e obstinado que, depois de
cinquenta anos, ama Maria Clara.
Parabéns
e Muito Obrigado, Meu Amor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário